O hiperfoco é um dos aspectos mais curiosos — e muitas vezes incompreendidos — do TDAH. Trata-se de um estado de concentração intensa e imersão total em uma atividade, geralmente prazerosa ou interessante. Quando estamos em hiperfoco, é comum perdermos completamente a noção do tempo e até do que acontece ao nosso redor.
Parece estranho, não é? Afinal, o TDAH é conhecido justamente pela dificuldade de manter o foco. Mas o hiperfoco mostra como o cérebro neurodivergente pode funcionar de maneira única.
Quando o mundo “desaparece”
Durante um episódio de hiperfoco, a pessoa com TDAH pode:
- Bloquear distrações externas e internas
- Se envolver profundamente em uma tarefa específica
- Esquecer completamente o tempo
- Ignorar necessidades básicas, como comer, beber água ou ir ao banheiro
É como se tudo desaparecesse — menos aquela única coisa que está chamando a atenção.
TDAH x Autismo: o hiperfoco em cada um
Tanto pessoas com TDAH quanto com autismo podem experimentar o hiperfoco, mas os efeitos e objetivos costumam ser diferentes.
No TDAH:
O hiperfoco pode parecer uma “bênção e maldição”. Ele permite uma concentração profunda, mas também pode causar problemas — como procrastinar outras tarefas, perder compromissos ou esquecer obrigações importantes.
No Autismo:
O hiperfoco costuma ser voltado para interesses muito específicos e pode ser um meio poderoso de aprendizado. Porém, se não houver equilíbrio, pode levar ao isolamento e dificultar a interação social.
O hiperfoco pode ser algo positivo?
Sim, definitivamente! Quando bem compreendido e usado com equilíbrio, o hiperfoco pode ser uma ferramenta poderosa. Veja alguns exemplos:
- Na vida profissional: Pode aumentar o desempenho em tarefas que exigem foco, criatividade e atenção aos detalhes.
- Desenvolvimento de habilidades: É possível aprender muito e se aprofundar em temas de interesse.
- Produtividade: Em certos momentos, o hiperfoco leva a uma produção intensa e eficaz.
Como lidar (bem) com o hiperfoco
A chave não é tentar “eliminar” o hiperfoco, mas aprender a gerenciá-lo para que ele funcione a seu favor — e não contra você.
Algumas dicas úteis:
- Estabeleça limites: Use alarmes ou lembretes para não perder o controle do tempo.
- Monte uma rotina equilibrada: Misture momentos de foco com pausas e autocuidado.
- Converse com pessoas próximas: Amigos, familiares ou terapeutas podem ajudar a identificar padrões e propor estratégias.
- Use a favor dos seus objetivos: Descubra o que desperta seu hiperfoco e canalize isso em projetos importantes pra você.
Resumo: um superpoder com equilíbrio
O hiperfoco no TDAH é complexo, fascinante e desafiador. Ele pode atrapalhar, sim — mas também pode ser um superpoder, se for bem compreendido.
Aprender a lidar com ele é parte essencial da jornada com o TDAH. E quanto mais nos conhecemos, mais conseguimos transformar essas características únicas em ferramentas para viver com mais equilíbrio, produtividade e bem-estar.
Meu relato sobre o hiperfoco
Muita gente acha que ter hiperfoco é algo bom, quase como um superpoder. Mas, na prática, nem sempre é assim.
Hoje, por exemplo, estou desde às 5 da manhã tentando editar meu blog. Já são 4 da tarde, e ainda estou aqui — exausta, com as costas doendo, sem ter comido direito. Parece que sempre aparece alguma coisa que dá errado, e eu simplesmente não consigo parar. É como se algo me puxasse para continuar, mesmo quando o corpo e a mente já pedem descanso.
As pessoas costumam imaginar que o hiperfoco é algo produtivo ou até admirável. Mas, na verdade, ele pode ser muito desgastante. O difícil é que você não tem controle. Não dá para decidir “pronto, agora vou parar”. O cérebro continua ali, preso naquela tarefa, até você simplesmente não aguentar mais.
Esse é o meu depoimento, um desabafo sincero sobre como estou me sentindo agora.
Obrigada por estarem aqui, lendo, entendendo e acompanhando de perto essa jornada. 💛
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